quinta-feira, 25 de março de 2010

A obrigatoriedade de dominar o tempo


Ter a possibilidade de ser dono do seu próprio tempo é, não só uma questão de sanidade mental, mas, principalmente, uma questão de Liberdade .
Desde a invenção do mecanismo para cronometrar o intervalo entre momentos, que o tempo passou a ser mais um instrumento limitador da liberdade individual e, também, limitador da capacidade de pensar livremente as questões filosóficas, religiosas e artísticas.
A atividade do homem primitivo era regulada pelo dia e pela noite, tudo era perfeito, tudo tinha o seu tempo e seu lugar, se conheciam os limites. O mundo era finito e assim foi por séculos. O tempo era qualitativo não quantitativo, não havia necessidade de pressa, tudo parecia estar pré definido. A harmonia era total, o tempo era de felicidade e a contemplação era possível.
Com o advento da industrialização e o aparecimento da energia eléctrica o dia não mais tinha metade claro metade escuro. Era possível trabalhar à noite e, aí, o tempo passou a ser quantitativo.
Com o aparecimento do capitalismo tudo é subvertido. A capacidade de produzir em massa e a evolução tecnológica demonstram que, afinal, aquilo que se entendia como vida não tinha mais os limites que até então se julgavam. O infinito passou a ser a não fronteira.
O tempo passou a ter outro significado, ele era mais um não tempo pois era necessário trabalhar para produzir, para poder consumir e, para poder consumir, era preciso trabalhar.
O trabalho sem sentido passou a alienar.
O ser humano depois da saída do útero materno vive até ao final da sua vida numa extrema insatisfação, procurando aquela harmonia e calma uterina e, mais uma vez, o capitalismo e a sociedade de consumo por ele criada se aproveitam dessa fraqueza para evitar que o Homem contemporâneo não tenha necessidade nem tempo para pensar. Tudo lhe é oferecido, todos os desejos são satisfeitos, é só comprar e para isso é necessário trabalhar e, então, falta tempo. Falta tempo para refletir, para pensar as questões mais subjectivas da existência Humana.O pensamento passa a ser eminentemente pragmático porque o capitalismo e a ciência, como factores determinantes do comportamento das sociedade modernas também o são.
Acho necessário e urgente que a política encontre a sua natural independência perante a economia ou jamais sairemos deste universo alienado em que nos encontramos.
Mário Tolda

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